segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Entrevista

Em Entrevista
Isaúl Oliveira
(Treinador de Futsal)

            Isaúl Oliveira, 38 anos e natural de Peniche é já um nome conhecido e respeitado no meio desportivo desta localidade. Formado nos escalões jovens de Grupo Desportivo de Peniche, este simpático sportinguista viria a praticar futsal em inúmeros torneios amadores regionais, tendo, esta paixão, o levado a frequentar, e concluir com excelente aproveitamento, o curso de treinador de futsal no ano de 2007.
Na sua ainda curta carreira de treinador de futsal, Isaúl Oliveira orientou já, no Peniche Amigos Clube, uma equipa de Juvenis, outra de Escolas e prepara-se para iniciar uma nova época à frente dos Infantis desta mesma colectividade. Tendo realizado um fantástico desempenho e obtido resultados inéditos na temporada passada no comando das Escolas do PAC, Isaúl Oliveira é já alvo de admiração e de simpatia, não só por parte dos seus atletas, como dos próprios pais e simpatizantes do clube.
Nesta breve entrevista, vamos conhecer um pouco melhor este condutor de jovens esperanças e um homem que trouxe uma nova mentalidade aos novos futebolistas desta terra.

Porquê o Futsal?
           
O Futsal nasce da fusão de duas modalidades, o Futebol Salão e o Futebol de Cinco. Em Peniche, na minha adolescência, havia um torneio de Futebol Salão todos os anos que envolvia muitas equipas e participantes. Decorria no período do Inverno e levava ao Pavilhão Polivalente centenas de pessoas para ver excelentes jogos e eu tive a oportunidade de começar a jogar numa equipa da qual o meu pai (Zé Manel H) fazia parte, o Kopkopos. Eu tinha na altura 13 anos e era um previlégio fazer parte de toda a envolência e atmosfera destes torneios. Esta paixão foi-me perseguindo ao longo dos anos por esta modalidade com grandes niveis de espectacularidade.

Foi jogador e durante vários anos treinou equipas amadoras de Futsal. Em que medida veio o facto de ter tirado um curso de treinador de Futsal, modificar a sua postura e a sua mentalidade em relação ao jogo?
           
Qualquer actividade profissional, como qualquer modalidade está sempre em evolução, e quando se quer estar actualizado e aprender o que de melhor se faz dentro de cada modalidade, então é preciso ter formação para isso. Foi isso que me levou a tirar o curso de treinador de Futsal. Aprender com os melhores, compreender conceitos para depois pôr em prática. Tive o previlégio de ter como prolectores TÓ Coelho, que é o actual técnico do União de Leiria, e o treinador do Sporting, Paulo Fernandes. Depois do curso senti-me muito mais habilitado e com mais capacidade de resposta tanto a nivel de treino como em competição. E isso foi óptimo para munir os meus atletas de ferramentas para poderem ser mais fortes, intruduzindo novos conceitos e novas mentalidades.

Porque não existem mais clubes ou equipas de Futsal em Peniche, a disputar os campeonatos oficiais?

Na minha opinião, fundamentalmente por duas razões. A primeira das quais tem a ver com a falta de apoios, tanto institucionais como autárquicos. O associativismo é cada vez menor, as pessoas não querem envolver-se em mais projectos e os apoios camarários não chegam para as necessidades dos clubes. Para dar um exemplo, o PAC - Peniche Amigos Clube para treinar e realizar os jogos do campeonato tem de pagar o aluguer do pavilhão que, diga-se de passagem, não é nada barato. Em segundo lugar, porque faltam infra-estruturas para fazer face às necessidades de uma competição como o Futsal.

Já orientou dois escalões diferentes nesta modalidade e neste clube. Que ambição e expectativas sente ao abraçar mais este novo desafio?

A ambição é que nos alimenta e as expectativas são, à partida, muito positivas. Temos um grupo de miúdos excelente, com muita vontade de aprender, com capacidade de fazer um excelente campeonato e divertindo-se imenso. O que é fundamental, quando se trabalha com miúdos com idades que vão dos 8 aos 12 anos, é fazer passar a mensagem de que o importante é participar, aprender e enriquecer desportivamente. Se, a juntar a tudo isto, conseguirmos ganhar os jogos tanto melhor. Não faz parte da nossa filosofia desportiva ganhar a qualquer custo, aliás, porque a ambição desmedida dá azo à desilusão e o que nós queremos é que os atletas se divirtam a jogar Futsal e confraternizem.

Com já alguns anos de experiência a trabalhar com jovens desportivas, qual a sua opinião em relação à juventude e à educação dos mais novos nos nossos dias?

A educação é um princípio básico para que possamos coabitar em harmonia. Eu zelo muito por isso, tenho alguma dificuldade em compreender ou tolerar situações de falta de educação. Nós, particularmente, temos tido todo o cuidado, sempre que iniciamos uma época desportiva, em chamar à atenção para que situações dessas nunca se verifiquem e, sinceramente, nunca tivemos problemas com isso. É preciso que os atletas saibam deste logo que os maus comportamentos não são tolerados de maneira nenhuma e que se querem fazer parte de um grupo, terão que respeitar para serem respeitados. Por vezes, os comportamentos permissivos dos adultos para com os mais jovens fazem com que se criem maus habitos disciplinares e quem trabalha com com tantos jovens aos meus tempo, não pode estar a perder tempo com chamadas de atenção constantes. É necessário que cada um saiba da sua responsabilidade.

O que é mais motivador? Treinar crianças ou adultos? Porquê?

Para minha surpresa, nunca imaginei que se um dia me fizessem essa pergunta, eu iria responder que é com os mais jovens que a motivação é maior e é muito facil perceber porquê. Porque os mais novos são como livros em branco à espera de serem escritos. Estes atletas mais novos, quando chegam aos treinos, vêm cheios de vontade de aprender e a sua capacidade de assimilar a informação é impressionante. No último jogo da época passada, nós, a equipa técnica das Escolas do PAC (Adolfo Vagos, Tiago Correia e António Tavares), decidimos que dois dos atletas que não tinham feito parte dos 12 escolhidos para o jogo é que iriam orientar a equipa e dar o aquecimento Foi impressionante a quantidade de informação e conselhos tácticos que eles conseguiram passar para os colegas. Pareciam que estavam a falar como nós, e a atenção dos colegas a ouvi-los e a respeitar as suas ideias foi fantástica. São momentos como estes que nos fazem trabalhar cada vez com mais vontade e motivação.

Na sua opinião, o que representa o PAC nesta localidade? Que influência tem tido, tem ou poderá ainda vir a ter junto da sociedade local e da comunidade desportiva em particular?

O PAC é pioneiro na criação de escolas de Futsal em Peniche. Têm passado por cá muitos atletas que elegeram esta modilidade como a sua preferida, e quem gosta volta sempre no ano seguinte e, muitas vezes, já traz um amigo que também quer experimentar. Sinceramente, espero que, de alguma forma, todo o trabalho que temos realizado em prol do PAC e do Futsal em Peniche, venha a ser recompensado. Essa recompensa passa por ver cada vez mais atletas a praticar esta modalidade, que está ainda em fase embrionária, e ver muitas pessoas nos jogos a apoiar as nossas equipas. Por vezes, dá-me a sensação que o PAC é mais conhecido em algumas localidades onde vamos fazer os jogos do campeonato distrital, que em Peniche. De qualquer forma, já temos algumas dezenas de jovens atletas, cujos familiares são já fervorosos adeptos que nos acompanham tanto nos jogos em casa, como nas localidades onde vamos disputar os nossos jogos fora.

Num âmbito mais pessoal, quais os projectos que espera concretizar no futuro?

Sinceramente, não tenho projectos para o futuro, mas gostaria sem dúvida de ver em Peniche, num futuro não muito longínquo, uma realidade que passa por um projecto que possa abranger todos os escalões etários, incluindo o Futsal feminino. E não se pense que seriamos pioneiros nesta matéria, porque projectos destes já existem em muitas localidades, algumas delas não são maiores que algumas aldeias do nosso Concelho.

O que o move? Qual o seu lema de vida?

O que me move é a vontade de partilhar conhecimentos e experiências e ser presentiado com as manifestações de alegria e respeito, e que, de alguma forma, possa contribuir para o desenvolvimento não só desportivo, mas também intelectual destes jovens.
O meu lema é encarar a vida de uma forma simples, em que se for preciso dizer que sim, direi com coragem, mas se for preciso dizer que não, direi sem covardia.

Que mensagem quer deixar aos adeptos de Futsal e que ainda não tiveram o prazer de ver esta nova geração de futebolistas em acção?

Gostaria de dizer a todas as pessoas, sejam estas adeptas ou não de Futsal, para experimentarem viver a emoção e espectáculo que é ver os jogos das nossas Escolas ou dos nossos Infantis. Os nossos jogos realizam -se no pavilhão da Escola E. B. 2/3 D. Luís de Ataíde, aos domingos de manhã às 10 horas. Contribuam com a vossa presença para dar maior expressividade a esta modalidade e mais apoio aos nossos jovens atletas.


Amaro Costa

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